terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O verdadeiro doente

Algumas vezes temos umas ideias bem distorcidas do que vem a ser bom ou ruim, certo ou errado, e daquilo que realmente nos faz mal, nos faz sofrer, nos prejudica de verdade.
No livro Pontos e Contos, de Humberto de Campos, tem uma história bem interessante de uma mãe, que tinha dois filhos e, ao desencarnar, chegando ao mundo espiritual, demonstrava grande aflição em ajudar o filho que era bastante doente. Segundo ela, ele já não podia andar nem fazer atividades básicas sozinho, tamanha a debilidade causada pela doença.
O benfeitor espiritual que lhe atendia, perguntou sobre o temperamento dele, e sobretudo suas reações psicológicas frente à doença. Ela respondia que ele era bastante conformado, que compreendia e respeitava a providência Divina, sendo bem diferente se seu irmão, que apesar da saúde, era entregue às viciações morais, era duro, egoísta, materialista, mas que vivia muito bem finaceiramente, e não necessitava de ajuda. Já o doentinho, estava até para perder a visão, e isso lhe afligia muito. Essa mãe não percebia quem era o verdadeiro doente.
Aos olhos da matéria, puramente, o necessitado de amparo seria mesmo o doente físico mas, aos olhos espirituais, aquele que mantinha a saúde física, mas depreciava as qualidades morais e espirituais é verdadeiramente o doente necessitado de socorro urgente.
As dores da carne nada mais são que resgates de erros anteriores, e claro que podem e devem ser tratadas adequadamente. E quando há resignação, não há dúvida da evolução moral acontecendo aos nossos olhos. Compreender que a vida vai muito, mas muito além do corpo físico é ponto de partida para uma grande renovação no ser.
Já aquele que acha que a doença ou as limitações materiais fazem a vida perder o sentido, está longe de compreender a sabedoria Divina. Revoltar-se contra as dificuldades não é uma boa forma de resolver problemas. Somente quando percebemos o quanto a dor ensina é que lhe damos o devido valor, não nos entregando a ela sentindo-se um coitado ou um merecedor de castigos, mas compreender que nenhum sofrimento vem sem merecimento, que não há injustiças. Tudo isso transforma nossa visão do mundo, nos liberta da depressão e nos impulsiona a trabalhar pelo melhoramento próprio, a fim de preparar um amanhã mais feliz, pela colheita de frutos de uma semeadura do bem.
Vejamos novamente nossas vidas, mas agora com outros olhos. É possível que estejamos sofrendo pelos motivos errados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário